Como Donkey Kong Venceu a Universal e Mudou a História da Nintendo
- Portal Super Mario
- 22 de jan.
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O caminho da Nintendo para se tornar um dos maiores nomes da indústria dos videogames não foi pavimentado com facilidades. Desde suas origens como fabricante de cartas hanafuda no final do século XIX, a empresa japonesa enfrentou inúmeras barreiras culturais, tecnológicas e jurídicas. Um dos episódios mais marcantes dessa história foi o confronto judicial com a Universal Studios, que redefiniu não apenas o futuro da Nintendo, mas também estabeleceu precedentes para a indústria como um todo.
A Origem do Conflito

Em 1981, a Nintendo lançou Donkey Kong, um jogo revolucionário projetado pelo jovem Shigeru Miyamoto em colaboração com Gunpei Yokoi. O jogo não apenas salvou a filial americana da Nintendo, que estava à beira da falência, como também introduziu o personagem que viria a ser conhecido como Mario, batizado em homenagem ao senhorio da Nintendo of America, Mario Segale.
O sucesso de Donkey Kong atraiu a atenção de diversos parceiros comerciais, incluindo a Coleco, que adquiriu os direitos de licenciamento para lançar o jogo em seu novo console, a ColecoVision. No entanto, a Tiger Electronics, outra empresa interessada no sucesso de Donkey Kong, cometeu um erro crucial ao supor que o jogo fosse baseado no filme King Kong, propriedade da Universal Studios.
Sem buscar confirmação junto à Nintendo, a Tiger solicitou à Universal os direitos para criar um jogo baseado em King Kong. A Universal, por sua vez, viu nisso uma oportunidade de reivindicar royalties sobre Donkey Kong e iniciou uma série de ações que culminariam em um processo judicial contra a Nintendo.
A Ação Judicial

Em 29 de junho de 1982, a Universal Studios processou a Nintendo por violação de direitos autorais, alegando que Donkey Kong infringia os direitos de King Kong, os quais a Universal afirmava possuir por meio de um acordo com a RKO Pictures, criadora do filme original. Paralelamente, a Universal pressionou os licenciados da Nintendo, exigindo que parassem de comercializar produtos relacionados a Donkey Kong.
Porém, Howard Lincoln, advogado externo da Nintendo e autor de uma cláusula que protegia a empresa de responsabilidade legal em contratos com a Coleco, viu falhas nos argumentos da Universal. A principal fraqueza residia na ausência de um documento chamado “cadeia de titularidade”, que comprovasse os direitos da Universal sobre King Kong. Em vez de ceder às ameaças, Lincoln aconselhou a Nintendo a contestar a acusação judicial.
A Batalha no Tribunal

O caso foi julgado no Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o Distrito Sul de Nova York pelo juiz Robert Sweet. A Nintendo contratou John Kirby como seu advogado de defesa, que rapidamente desafiou a legitimidade das reivindicações da Universal. Durante o julgamento, foi revelado que a Universal havia previamente argumentado, em um caso separado, que King Kong estava em domínio público. Essa contradição enfraqueceu ainda mais sua posição.
Após sete dias de julgamento, o juiz Sweet decidiu a favor da Nintendo, declarando que Donkey Kong não infringia os direitos de King Kong. Além disso, o tribunal ordenou que a Universal pagasse à Nintendo mais de US$ 1,8 milhão em custos legais e indenizações.
As Consequências do Caso
A vitória não apenas consolidou a Nintendo como uma força na indústria dos videogames, mas também estabeleceu Howard Lincoln como uma figura chave na história da empresa. Mais tarde, Lincoln se tornou vice-presidente sênior da Nintendo of America e eventualmente sucedeu Minoru Arakawa como presidente.
O caso também destacou a importância de proteger a propriedade intelectual de forma estratégica e de resistir a pressões externas quando as reivindicações não são fundamentadas. Para a indústria dos videogames, o processo Nintendo vs. Universal foi um marco que demonstrou que até mesmo empresas gigantes podiam ser desafiadas e derrotadas.
Legado

Em homenagem ao papel de John Kirby no caso, a Nintendo batizou um de seus personagens mais icônicos, Kirby, que fez sua estreia em Kirby’s Dream Land para o Game Boy em 1992. O caso Nintendo vs. Universal permanece como um exemplo inspirador de perseverança e coragem empresarial, reafirmando que até mesmo desafios aparentemente insuperáveis podem ser vencidos com visão, determinação e estratégia.
Após o emblemático caso judicial Nintendo vs. Universal nos anos 1980, no qual a Nintendo saiu vitoriosa diante da acusação de plágio envolvendo Donkey Kong, a relação entre as duas empresas evoluiu de forma surpreendente ao longo das décadas. Hoje, essas gigantes do entretenimento são parceiras em projetos de grande sucesso, como o filme Super Mario Bros. e a criação de parques temáticos baseados nas icônicas franquias da Nintendo, incluindo um parque dedicado ao próprio Donkey Kong!

Historia maluca, né? O que acharam de tudo isso?
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